terça-feira, maio 22, 2007

O macho em vias de extinção.

É com muita exultação que tenho vindo a notar que o macho está em vias de extinção, com maior exultação ainda, apercebo-me que esta extinção se deve sobretudo à mulher.
A mulher deixou de procurar, ou melhor, deixou de se sentir atraída pela figura máscula, forte e autoritária e procura agora a sensibilidade, a independência e o enigma.
A mulher trocou a brutalidade pela sensibilidade, a dependência maternal e doméstica, pela autonomia. Trocou a certeza da presença eterna pelo amor intemporal.
Dizem os comentários juvenis ao macho: “és um pouco jurássico”, e é precisamente isto, pertencem já a um passado longínquo (desconhecível, na realidade) para a maioria das jovens e a um passado recente para as mulheres activas.
A preservação da espécie deve-se a um, cada vez menor, número de mulheres que colocam no amor ao macho a cura para todos os seus males, quando o único mal está na suposta cura.

2 comentários:

denim and shoes disse...

Sabes, minha querida amiga existe um dia no ano que que se chama o Dia Mundial contra a Homofobia, é a em 17 de Maio então nese dia o Fernando Mariano e o Vicente Martinez andaram de mãos dadas na Baixa do Porto. Viram-se rostos para trás. Olhares, risinhos. Dir-se-ia que o casal representa uma comédia. Um trolha interrompe o seu labor, um trintão tropeça, um cinquentão protesta. Numa loja, um funcionário afoga o riso com as mãos. Noutra, uma funcionária transborda espanto ("Saíram daqui e deram um beijo!") e outra sossega-a ("Não tem mal"). Lá fora, um idoso alerta a mulher ("Gays!"). Num café, um empregado faz sinal aos colegas. Até a cozinheira e o gerente vêm espreitar. Todos olham. Todos riem. O casal sai e a caixa desfaz-se: "De mão dada e tudo! Os filhos da puta". Fernando e Vicente avançam para o Mercado do Bolhão. "Ainda falam que os nossos filhos andam com uma e com outra, mais vale gostar de mulheres", advoga uma vendedora. "Coitadinhos", suspira outra. "Ordinários", ouve-se mais à frente. "Infelizmente, é para o que estica." Olhares, risos. Rua acima, rua abaixo. Junto ao Instituto Abel Salazar, uma estudante goza: "Acho que vou vomitar". Frente ao Hospital de Santo António, uma mulher chama o marido: "Nando! Olha ali para o teu lado esquerdo!". Concordo, na integra com o que dizes, mas acho que tanto os machos como as fêmeas ainda não ultrapassaram essa idade do jurássico.

angelofpromise disse...

Fico muito triste que tal aconteça na nossa cidade/país que tanto me orgulha e que ao mesmo tempo tanto me envergonha. No entanto continuo a confiar na nova geração, na geração d’ ouro nascida nos anos 80, ou não fosse esta década uma década de mudança e abertura de mentalidades.
Infelizmente as gerações passadas e nesta cidade ou melhor neste país, continuam fechadas ao mundo, conhecem apenas as heranças que a religião e o Salazar lhes deixaram, o conceito família a todo custo, independente de serem felizes ou não, de respeitarem ou não as próprias vontades e desejos. São gerações que vivem de aparências, que vivem numa paz podre mas são gerações que se acostumam mais rapidamente do que qualquer outra, logo, se tivéssemos mais Fernandos Mariano e Vicentes Martinez a passear na rua de mão dada, rapidamente entrariam nos costumes e hábitos destes cidadãos, rapidamente deixaria de ser um acontecimento e tornarse-ia banal. Estarei errada?