segunda-feira, novembro 24, 2008

Coincidências.
Tenho estado ausente do blog e de uma data de coisas bem mais importantes.
Se voltei? Não sei, mas hoje estou de volta para deixar neste diário (agora mensal), um pequeno texto retirado do livro que me tem acompanhado estas últimas noites e o qual tenho devorado até à exaustão.
Acontece, por vezes, por coincidência (se esta existir), alguns livros virem de encontro ao meu estado de alma ou às minhas carências e são esses, os livros, que se tornaram, para mim, os mais importantes. Este foi o livro perfeito para iniciar este Outono e esperou, prudentemente, na minha mesinha de cabeceira, pelo momento certo.


Foto: Patti Levey - Taking Liberty

“Anseia pela vida e resolve as questões da vida com uma confusão lógica. Que impertinentes, que atrevidos são os seus despropósitos e, ao mesmo tempo, que medo tem! Profere disparates e fica contente; diz coisas atrevidas mas, ao dizê-las, está com medo e pede desculpas. Insiste em que não tem medo de nada, e ao mesmo tempo, procura com adulação a nossa opinião. Quer convencer-nos que range os dentes e, ao mesmo tempo, solta piadas para nos fazer rir. Sabe que as suas piadas não têm graça, mas, pelos vistos, está muito contente com a qualidade literária delas. Talvez realmente, lhe tenha acontecido sofrer, mas não tem respeito nenhum pelo seu próprio sofrimento. Está até dentro de uma certa verdade, mas não tem pudor; pela mais mesquinha das vaidades leva a sua verdade até à exibição, até à ignomínia, até à venda na feira. Quer realmente dizer qualquer coisa, mas esconde por medo a sua última palavra, porque não tem coragem de dizê-la, apenas alardeia um descaramento cobarde. Gaba-se da consciência mas apenas vacila, porque, embora o seu intelecto funcione, o seu coração está obscurecido.”